segunda-feira, 14 de setembro de 2009

NÚMERO DE DOADORES DE SANGUE NA BAHIA É INSUFICIENTE


Bolsas de Sangue Coletadas pela Hemoba Representam Menos de 1% na População da Capital


Por Mariana Carvalho

O estado da Bahia conta com 20 unidades de coleta de sangue espalhadas por diversas cidades do interior e do recôncavo, essas unidades formam a Hemorrede. Em Salvador localiza-se a maior delas: a Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA). De acordo com a diretoria do centro de coleta, passam, por mês pela fundação, cerca de 3.500 doadores, sendo que 50% correspondem ao número de doadores assíduos e os outros 50% são doadores de reposição, ou seja, aqueles que só doam porque têm um parente ou um amigo necessitando. Totalizando, o número de bolsas coletadas na capital representa menos de 1% da população soteropolitana.

Há também postos temporários, instalados em faculdades, firmas, alguns bairros de Salvador e cidades do interior do estado. Em determinadas terças, quartas e quintas-feiras de cada mês, funcionários se deslocam para esses lugares no intuito de realizar coletas de sangue, essas visitas totalizam 12 dias por mês. Esses postos não representam coletas extras nos estoques da Hemoba, uma vez que as bolsas coletadas são contabilizadas juntamente com as que são feitas diariamente na fundação e são previstas pelo seu calendário mensal.

Os dados denotam que a média da capital baiana é menor do que a do Brasil, que é de 1,8% de brasileiros doadores. O percentual do país também é baixo, uma vez que, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que para manter estoques regulares, é necessário de 3% a 5% de doadores na população.

Campanhas

Várias campanhas são realizadas no intuito de conscientizar a população da importância deste ato. Na época do São João, por exemplo, a publicidade se intensifica, e o estoque aumenta em até 20%, mas as campanhas são passageiras, e a fundação não pode contar apenas com esses aumentos esporádicos, por isso há vários projetos de incentivo à doação em andamento, dentre eles estão: Coleta nos Bairros e Doador do futuro. Outros agravantes para a falta de doadores são os dias chuvosos, as férias escolares e os sábados, quando o movimento na Hemoba torna-se bastante reduzido.


Problemas Internos que Influenciam os Baixos Índices de Coleta

Além das dificuldades em atrair doadores, a instituição enfrenta problemas como falta de infra-estrutura e manutenção, número de postos insuficiente e acesso difícil à Hemoba, visto que os recursos recebidos dos governos estadual e federal não cobrem totalmente essas necessidades. O Governo do Estado é o maior responsável pela disponibilização de verba, uma vez que tem a função de provedor de sangue em toda a Bahia, já o Governo Federal tem apenas a responsabilidade específica de coordenar a política de coleta do estado.

Processo de Doação
A doação de sangue é vital, uma vez que não se pode substituir o sangue por um derivado sintético. Todas as doações são voluntárias e quem doa uma vez não é obrigado a doar sempre. Apesar de já ouvirem falar sobre doação de sangue, muitas pessoas desconhecem esse processo, o que acaba gerando alguns mitos em torno do assunto, tais como: doações continuadas fazem o sangue engrossar ou afinar, é preciso estar em jejum na hora da coleta, fumantes não podem se tornar doadores (esses devem apenas evitar o vício, pelo menos, quatro horas após a doação), dentre outros.

“Acho a doação de sangue muito importante, pois ela ajuda a salvar vidas e não custa nada”, diz Jailson da Silva, doador voluntário há 01 ano. Mesmo considerando o ato importante, Silva diz que não sabe se continuará o exercendo, pois os exames por ele feitos durante uma coleta acusaram complicações no seu sangue. Ele afirma que com isso, teve que fazer outros exames em uma clínica particular e também gastou muito dinheiro com transporte. “Estou decepcionado com a burocracia que enfrentei, ainda estou decidindo se vou continuar doando sangue”, encerra.




Matéria escrita por mim, publicada no site do Jornal Folha Salvador em agosto de 2009.

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